quinta-feira, 21 de março de 2013

"Ao desistir de partidos e procurar ONGs, o cidadão está dizendo que não abre mão de participar da vida pública".

"A sociedade tem que ser acordada para a causa da liberdade, para que indivíduos voltem a se manifestar. Mas sou otimista. Acho que as pessoas amadurecem com as desilusões. Ao desistir de partidos e procurar ONGs, o cidadão está dizendo que não abre mão de participar da vida pública. A crise vai gerar um povo menos crédulo e mais ansioso por instituições que lhe permitam participar da vida pública." (Entrevista concedida por Célio Borja ao Jornal O Estado de S. Paulo - 16/07/2006, disponível aqui)

3 comentários:

douglas da mata disse...

Bom, deve ser por isto que todos os países que amadureceram suas democracias, e alcançaram o auge do seu bom funcionamento o fizeram através de ongs...

Ops, não foi com ongs, foi com partidos...

E justamente a crise da democracia como vivemos hoje, se dá, como causa e efeito, pelo processo de esvaziamento dos partidos e da demonização da representação partidária.

Cléber, você tem todo direito de acreditar que uma ONG pode substituir um partido, mas eu pergunto, e como fica a representatividade?

Sinto muito, caro amigo, e se você, de fato, acredita nisto, só me resta respeitar, mas lamentar que seja assim...

Ainda mais como uma ong que funcione como ventríloquo dos interesses mais escusos que dizem combater, como da mídia corporativa.

Boa sorte, você vai precisar...ah, e de muito estômago também.

Cleber Tinoco disse...

Caro Douglas,

Em verdade, não acho que o partido possa substituir ONG's ou o contrário. Cada um tem seu papel, tem seu campo de atuação. A participação do cidadão na vida pública não só é permitida, mas estimulada pela Ordem Jurídica brasileira, ainda que de forma solitária. O cidadão fiscal não substitui os órgãos do Estado encarregados desta função (Auditorias internas, Ministério Público, Tribunais de Contas etc.), mas a prática demonstra que eles são insuficientes no combate à corrupção, tanto que a fiscalização popular é estimulada pelo próprio Estado. São exemplos disso, a Lei da Transparência e de Acesso à Informação, para não falar do direito constitucional de petição aos órgãos públicos e da ação popular, afinal todo o poder emana do povo.

Sobre a transparência, colho no material elaborado pelo Governo Federal a seguinte passagem:

"O Governo brasileiro acredita que a transparência é o melhor antídoto contra a corrupção, pois incentiva os gestores públicos a serem mais responsáveis em sua atuação e permite que a sociedade, de posse das informações, controle a ação
dos governantes e fiscalize a aplicação do dinheiro público."

É nesse contexto que se insere o Observatório em Campos, sem qualquer pretensão de substituir as instâncias de debate político, especialmente os partidos políticos. Acredito até que o cidadão mais consciente de seus direitos e deveres estará mais preparado para debater as questões políticas.


Forte abraço,

Cleber

douglas da mata disse...

Caro Cleber.

Enunciar conceitos sobre eventos humanos, "dessignificando-os" de seu conteúdo ideológico e político é um grave erro das forças que se colocam, pretensamente, na luta pelo bem comum(outro valor etéreo).

"Transparência" é mais ou menos como salvem as baleias, protejam nossas florestas, ou a paz mundial.

Claro, todos concordamos, mas e daí?

Como se darão, e de que forma o observatório definirá a prioridade ou relevância do que deve ser observado?

Vai começar pela administração da UENF, por exemplo?

Qual será a dosimetria? Quem definirá o que é mais grave ou menos grave?

Quem pode associar-se ou apoiar? Órgãos de mídia corporativa e associações que lambuzaram-se por anos à fio naquilo que vocês dizem combater?

Mas, como eu já disse, respeito sua escolha, mas lamento que você tenha se enredado nesta armadilha...Uma pena.

Sei que faz pouca diferença, mas não espere de mim nada que a mais visceral oposição a esta espécie de vigilantismo político.

Fraternal e democrático abraço.